sexta-feira, 29 de junho de 2007

Tirar o Cordão da boca da criança



Quando iniciei leitura no Ilha Notícias, confesso ter ficado feliz com a iniciativa da representação do autêntico carnaval do nosso Rio de Janeiro, aqui em dependências insulanas. Festa democrática, da qual nos orgulhamos tanto. Porém, ao continuar na ingrata notícia veio o susto: "Homens pagam R$ 20 pela entrada, e mulheres R$ 15. Mesas com 4 lugares custam R$ 100, e camarotes (para 8 pessoas, R$ 280). Pode parecer bobagem, mas e a cerveja, a água, o churrasquinho ... ?
Sei bem que para quem se embrenha em "festas profanas" (micaretas etc.) pelo Brasil a fora, essa quantia pode ser irrisória, mas esses freqüentadores simpatizantes da "micaretisse" baiana não irão se quer tomar conhecimento desse evento, quando sim com desdenho.
O povo ficará mais uma vez sem acesso aos frutos da nossa cultura popular.


Pelo amor de Deus !

sábado, 2 de junho de 2007

Entrevista com Renatinho Partideiro





À esquerda, Renatinho Partideiro, com seu amigo e companheiro de Partideiros do Cacique, Marcinho do Pandeiro.




Mesmo com tamanha correria, bati um papo de primeira com Renatinho Partideiro, na cara da passarela do Engenho da Rainha, em um "buteco" muito receptivo, no bairro de Pilares, terra natal do notável sambista। Cheguei lá pela manhã, e com algumas cervejas pretas, invadimos a tarde - quase noitinha। Até ensaiamos alguns versoस.
RN: Para começarmos do início, Renatinho। Como sempre fazem, me conte como foi a infância e o interesse pelo samba। Veio de berço, não é ?
RP: Nasci e vivi entre as comunidade do Morro do Urubu e do Engenho da Rainha, onde estamos agora. A minha família sempre foi envolvida com samba. Meu pai era sambista e foi integrante do conjunto Os Cantores De Ébano. Meus avós são fundadores da Caprichoso de Pilares. Outros tios freqüentavam o Império Serrano, o Salgueiro ... Na minha casa, todos os finais de semana se fazia festa. Era aquela "comidaria" toda. Eu venho de uma família de sambistas, vem no DNA.
RN: É a melhor escola, não é Renatinho ?

RP: É, mas tem gente que não tem o samba como herança, no entanto, abraçam a causa também são grandes sambistas।

RN: Verdade।

RP: O verdadeiro sambista tem aquilo na alma।

RN: E como apareceu o partido-alto, você via o pessoal versando e aquilo te interessou? Como você soube que era bom nisso ?

RP: Pô, cara, agora você me pegou। A história é a seguinte: na minha casa se fazia partido-alto. Meu pai além de Ogan, era partideiro, meus tios também. Se juntavam meu tio Arthur, Waldir, Tunico, Barata, Quinho do Surdo, em fim... uma galera boa do Engenho da Rainha e do Urubu. Meu tio André também. A gente sempre brincava de partido–alto. Versando pro outro o samba-duro, e eu testemunhei tudo isso. Fui testemunha ocular. Mas teve uma certa época da minha vida que entrou aquela fase de Soul e eu fui também.

RN: Você tinha que idade?

RP: ahhh... não lembro। Eu era jovem, pequeno ainda. Era aquela coisa de deixar Cabelo Black, né ? E fui, enfim ॥era uma coisa bacana , conscientizadora, que ninguém brigava com ninguém, todo mundo se curtia, mas eu larguei um pouco isso. Um belo dia um amigo meu, o Neném do Engenho da Rainha, que Deus o tenha no Reino da Glória, ganhou um gravador, e pra brincar e testar o gravador dele, a gente versava. Cada um que versasse errado, ganhava um bolo na mão. Eu era o que mais versava errado (risos). Aí todo mundo queria me pegar pra pato. Na turma, eu era o pato. Dava a mão toda hora. Aí um belo dia eu falei: "vocês já estão muito mal acostumados. Pô, meu irmão vocês vão deitar pro santo errado! Vou começar a pegar a manha desse bagulho aí." Aí comecei ... foi quando o Zilô me ligou: " tu tens que ir lá no Cacique. Lá tem uma roda de partido-alto e tal." Aí eu enganei a minha mãe, dizendo que ia pra outro lugar e parei lá no Cacique de Ramos, numa quarta-feira. Foi quando vi o Baiano do cacique de Ramos versando, Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Neoci, aqueles caras todos. Fiquei louco! Falei: " Meu Deus! Se eu fosse igual a esse caras aqui, ninguém me dava mais bolo lá." Aí comecei, né ? . Quando eu vi o Baiano, o idolatrava, e disse : " Como é que faço pra ser assim igual a você ?" Ele passou a mão na minha cabeça e disse que era fácil. Eu era uma criança idolatrando o cara, mas ele ... nem aí pra mim. Pensei outra vez : caraca, se eu fosse igual a esse cara aqui... eles são foda. Aí eu comecei. Toda quarta-feira aquilo se tornou um vício. Eu era menino.

RN: agora você lembra a idade ?

RP: Não, mais aí eu já não era mais o mesmo। Nem lembro de idade, pois eu já comecei a largar um pouco o estudo. Não me interessei mais pelo estudo, por trabalho. Era só o lance do Cacique. Ficava rezando pra dar quarta-feira. Ir pra lá e ver aqueles caras todos. Eu ficava louco. Fui andando, andando, vendo os caras, pegando manha, até que eu colei com meu primo Zeca Gordo e fui por aí a fora. Quando voltei pra Pilares de novo, eu já não era mais aquele otário (risos). A rapaziada me chamou: " vamos fazer um partido-alto?". Um cochichando com o outro: "olha o pato, a gente vai deitar e rolar." Porém, eu já não era mais aquele pato. Eu que dei bolo em todo mundo. Aí , meu irmão, de lá pra cá eu comecei a ter o respeito da rapaziada. Tudo que eu aprendi foi no Cacique. Eu já tinha a herança, a origem da minha casa e lá me desenvolvi com tal. Hoje eu vejo Tantinho, que é muito bom, o China, Zeca Pagodinho, almir Guineto, essa turma do Cacique, seu Xangô da Mangueira, Nei Lopes, Sombrinha, Arlindo, e isso só faz enriquecer o pouco do que sei.

RN: Aliás, você é citado no livro do Nei Lopes, né ? Ele cita você no livro, quando se refere à uma nova geração de partideiros।
RP: Qual é o livro?

RN: Partido-Alto: Samba de Bamba।

RP: Não conheço, mas vou procurar।

RN: Eu te empresto। Deixo contigo.

RP: Tá legal, mas quero comprar pra ter mesmo।

RN: Isso।

RP: Entendeu ? Mas esses bambas todos। Comecei então a me interar de quem era Aniceto, Padeirinho, Babaú, João da Gente, Ataliba da Imperatriz, Geraldo Babão, Almir Baixinho do Salgueiro। Comecei a me aprofundar no tema, pra me aprimorar. Confesso a você que em relação a esses caras, eu não sou nada.

RN: Não precisa essa simplicidade toda, Renatinho।

RN: A galera do Partideiros do Cacique, como você conheceu, como foi a idéia de montar o grupo?

RP: Na verdade o Bira Presidente ... havia o Fundo de Quintal, que sempre foi a prata da casa.
RN: A referência।

RP: Isso! Então ele queria montar uma rapaziada que tivesse uma representatividade à altura.
Por lá passou muita gente। Foi feita uma peneira.

RN: Gente com talento, mas também nem tanto assim ?

RP: Isso, mas todos muito esforçados। Agora, tinham uns que tinham muito talento, mas não estavam nem aí. Não se preocupavam e progredir, prosperar, mas queriam sucesso muito rápido. Em fim... o Bira me abriu essa condição e me deu autonomia, para selecionar o pessoal e levar.
RN: Então foi você os responsável pelo crivo ?

RP: Mas isso me fez querido por uns e odiado por outros, mas eu tive essa oportunidade।

- Fala Velha Guarda!
- E aí, doutor Renatinho, disseram que esse pagode aqui é seu, o Pagode do Ratinho ?
- Não se é do Ratinho, é do Ratinho mesmo। (risos) Ali perto do shopping, né ?
- É.
- Não, se fosse meu, já eras meu convidado de honra (risos)।
- Beleza!
- Vai lá।

RP: Então eu não agradei a todos, mas decisões tinham que ser tomadas। E eu chamei o Banana, que é o neto do João da Bahiana, filho do Neoci, trouxe o Márcio Vanderley, que por sinal tornou-se um grande amigo, um grande maestro। Trouxe também o Marcinho do Pandeiro, com um pandeiro extraordinário – agora afilhado do Bira - , o próprio Carlinhos Tchatchatcha, que veio também pra somar. Agora, o Cacique de Ramos está aí com essa formação. Outros já passaram e outros virão, pois não somos eternos. Procuramos levantar aquela bandeira lá com muita qualidade.

RN: O lance bacana é vocês manterem a tradição। Vocês levam tudo no gogó e usam uma caixinha só, par o violão. Mantendo aquilo, mostra pra quem tá chegando. E esses vão gostando da forma antiga que era feito o negócio.

RP: É mesmo। A gente procura manter a autenticidade da coisa, pra não se perder isso. Agora, a coisa do partido-alto você não vê mais. O único lugar que você vê partido-alto como referência é no Cacique de Ramos. Não deveria já que o samba originou-se do partido-alto, se as escolas de samba desfilavam ao som do partido-alto, por que a discriminação?

RN: Segundo Nei Lopes, essa é forma dos grandes mestres do samba। É a maneira mais difícil.

RP: É, mas hoje tem muita gente preocupada em fazer samba só visando a reprodução de capital। Não estão preocupados com a sua origem e preservar as coisas que a gente tem. Então, o partido-alto é isso. Quando Candeia revelou que as escolas de samba despertavam ao som de partido-alto muita gente não entendeu, mas é verdade. As escolas vinham com um samba de quatro linhas e ara todo de partido-alto. Hoje mudou. Para agradar uma fatia da sociedade, ela (escola de samba) se modernizou, em fim , tomou outra forma.

RN: Quando Candeia fundou o Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo, já era uma resistência a isso। Ele já estava preocupado , não acha ?

RP: Sim, claro। Ele estava preocupado com as denominações que o samba vinha tomando। O samba vem sendo deturpado, cada vez mais. Pra agradar a mídia ou o mercado. Não sei como que é isso. Eu sei que estão muito preocupados em fazer samba somente visando capital. Não que eu tenha alergia a dinheiro. Eu preciso dele pra pagar minhas contas, mas a gente podendo manter e segurar essa onda ...

RN: Renatinho, o seu nome tem o nome do seu grupo। Isso te remete imediatamente à questão do grupo। Qual foi a sua influência nisso ?

RP: Na verdade foi uma coisa que nasceu naturalmente। Foi através de uma reunião entre e o Bira Presidente. A gente teve uma discussão : Qual vai ser o nome dessa rapaziada? Ele viu a rapaziada tocando e ficou doido, mas não tem nome. Não época tinha o Paulo Henrique, grande partideiro lá da Mocidade. Era uma galera do caramba. Tinha o Coelho, o Lula que hoje é do Galocantô. Todo mundo partideiro. Então virou Partideiros do Cacique, mas eu já era Renatinho Partideiro. Antes disso eu já tinha gravado com a Beth Carvalho.

RN: No disco do Gabrielzinho do Irajá tem a sua participação।

RP: Isso! É junto com Arlindo।

RP: O Gabrielzinho foi um menino que saiu lá da nossa escola। Hoje está aí muito bem, graças Deus। É um exímio partideiro, e te digo mais: vão escutar falar muito desse menino. Esse garoto é um grande sambista.

RN: Na verdade, ele já é uma realidade। Deixou de ser promessa.

RP: Eu aposto muito naquele menino।

RN: É seu pupilo, né ?

RP: Sou suspeito pra falar, pois tenho um carinho muito grande por ele। Ele é um menino que na escolinha, se destacava dos outros. Por causa da deficiência que ele tem, eu o mostrava que não podia ser um mais ou menos, teria que ser o melhor. A deficiência dele dificulta muito no partido-alto, pois nessa modalidade, você tem que ver e retratar, quando não imaginar, e ele não pode enxergar. Então ele tem que ter uma imaginação extraordinária, além do comum. Pra treiná-lo eu colocava objetos na mão dele e fazia um verso rapidinho, pra que ele respondesse. O garoto não errava um.

RN: Bom Renatinho, o Cacique é uma casa de bambas, lar de uma geração inteira, precurssora de um movimento, começado no final da década de 70, com um samba atrelado às raízes, mas com a introdução de novos instrumentos। Se estabeleceu como uma casa emblemática, não é isso? Essa questão toda facilita ou passa uma sensação de cobrança para com o trabalho de que fazem? Fica aquele troço de filho de craque ... ?

RP: Na verdade, a gente faz o samba ali por filosofia। O Cacique de Ramos é uma filosofia de samba. A gente faz com respeito à casa, por todos que já passaram ali, que temo como referência, São o nosso norte. Não é brincadeira. Pô, eu vi o feito de Almir Guineto, que até hoje faz. Vi o feito do Arlindo, o Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Beth Carvalho. Esse povo todo que está aí . Se você peneirar, tirando Martinho da Vila e Paulinho da Viola, - grandes mestres - , não se encontra coisa igual em lugar algum. Não se vê nada de extraordinário da época do Cacique de Ramos pra cá. Então temos uma responsabilidade muito grande em manter aquilo ali. Manter com responsabilidade e dignidade, pois manter com porcaria, qualquer um poderia fazer. É fogo, cara. – Difícil! é uma pergunta que ....

RN: A cobrança é grande।

RP: Claro que há। Olha, quando fizemos o DVD Raça Brasileira 20 Anos, a nossa responsabilidade aumentou, pois é uma batucada diferente, que as pessoas não escutam nos dias de hoje. A pegada que é o bagulho, aquela a coisa toda, nos transformou positivamente. As pessoas perguntam: que som é esse? Outro dia eu estava em um shopping, aí colocaram o DVD lá. Eu passeando normalmente, quando passou uma menina que começou a sambar e falou : "caramba que som gostoso!" Eu fiquei envaidecido, mas segurei minha onda (muitos risos). Ainda bem que o trecho que estava passando eu não aparecia. Aí a outra falou: "é lá do cacique de Ramos!" Aí eu pensei: caramba , legal. É bom que dá uma massagem no ego, mas é isso aí.

RN: Você citou vários nomes, mas me diga três que são suas principais referências।
RP: Pô, Rodrigo, três seria pouco, cara। Eu tenho muita gente como referência. Sou fã de Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Zeca, Almir, Jorge Aragão, Beth Carvalho, Fundo de Quintal Dudu Nobre, Revelação, Sombrinha, Arlindo, Cleber Augusto, Luiz Carlos da Vila, outro gênio. É muita gente. È difícil você dizer. Elton Medeiros, Nelson Sargento, Tantinho, Ratinho, Monarco, Mauro Diniz, Casquinha, Serginho Procópio, Bandeira Brasil, Mário Sérgio. Sou fã de muita gente. Sou fã de todos. Dona Ivone Lara ... você fala de um e lembra de um montão. É complicado. Wilson Moreira e Nei Lopes.... .Tive a oportunidade, uma benção, que foi homenageá-los na Feijoada da Mangueira, quando eu estava à frente da parte musical lá. Pra mim foi uma das coisas mais emocionantes. Também fiz homenagem Darcy da Mangueira, o Tantinho, o Jurandi, que faleceu esse ano. Quis homenagear o Tio Hélio, mas não tive a oportunidade, pois ele morreu antes. O samba lamentavelmente é cheio de controvérsias.

RN: Vou mudar a pergunta então : Quem mais te inspira no partido-alto? Lembra de um nome só agora।

RP: Bom, eu falei isso para o Baiano।

RN: Que também já se foi।

RP: Como não pude ver o Aniceto, o Geraldo Babão, Babaú, Padeirinho ...

RN: Zagaia।

RP: Isso!

RP: Vi o Beto Sem Braço, Ari do Lápis। Minha referência maior ainda é o Baiano. Foi com quem tive contato direto, depois da minha família, foi o Baiano do Cacique।

RN: Renatinho, qual foi o melhor partideiro que encarou ?

RP: Todos। Tenho muito respeito a todos eles। Não citei anteriormente, mas tem um grande partideiro que se chama Deni de Lima. Tive duelos com ele que você não faz idéia. É um cara que tenho maior respeito e carinho. Ele é melhor que muitos que estão por aí, sabe ?

RN: Além do seu pupilo, o Gabrielzinho, quem mais você acha que está no bom caminho e promete ?

RP: Ahh...o Xandi é muito bom। Já é uma "Revelação", né ? (risos) . Tem o Juninho de Irajá, o Vinícius. Os caras tão vindo aí versando direito, cara. Bernardo, Di Cáprio, Papagaio, Baiaco. É uma galera que vem com muita inspiração. As vezes falha memória, sabe ? Mas estão aí segurando a bandeira.

RN: Como foi o lance lá da sua escolinha de partido-alto ?

RP: Eu uso tudo no plural। Nada se concretiza só no Eu, saco ? Ningem consegue nada soziho। Quando o trabalho surgiu, a gente procurou dar ocupação, tirando do ócio, mas apresentando algo transformador, pra que eles cresçam melhores com seres humanos. A única forma que encontramos foi com o partido-alto, para colocar um pouco mais de poesia no coração deles. A rádio que eles escutam, as FMs não têm poesia alguma, pelo contrário. A forma foi essa então. Fazendo versos bonitos, poéticos. Isso mexeu com a alma deles. A forma de chegar até eles foi essa, com a poesia.

RN: Seria bom se trabalhos com esse fossem distribuídos em vários pontos da cidade, não é ?

RP: Seria ótimo, pois estamos perdendo a identidade। Hoje o garoto da favela quer fazer Hip-Hop. Ele faz uma crítica, um protesto contra a sociedade dos Estados Unidos, reproduzindo a música americana, podendo reproduzir a música da terra dele. É isso aí. Há uma incoerência aí, mas temos que despertar essa consciência nele. Mostrar de onde ele veio, o que ele tem que fazer para transforma uma escola melhor, onde ele quer chegar. São interrogações que eles não sabem responder , pois são influenciados.

RN: Quem melhor poderia apoiar o trabalho, Renatinho?

RP: Tanto o poder público, quanto a iniciativa privada tem essa condição, mas não tem interesse।

RN: Você acha que seria interessante pra eles ter um povo alienado ?

RP: Sim। Assim são facilmente conduzidos। Você nas escolas ? O sujeito não precisa mais estudar pra passar de ano। É brincadeira! Como é que se consegue chegar em uma faculdade escrevendo gato com "J" ? É complicado।

RN: Você acha que o samba deveria ser ênfase maior nas escolas?

RP: Como falei, o poder público não quer essas pessoas conscientizadas। Se eles quisessem não tirariam as aulas de música nas escolas। Antigamente você tinha aula de música, Educação Moral e Cívica.

RN: Participei durante dez anos da banda da escola। Cheguei lá agora e não tem mais banda.

RP: Não tem mais banda। Nas aulas de música da escola escutávamos Cartola, Vinícius de Morais, sabíamos o que eles escreviam. Víamos coisas belíssimas do Lupicínio Rodrigues, mas agora não tem mais isso, para tirar a poesia da coisa. Hoje o cara tem que ouvir é "vai quicando".

RN: A sacada é fazer com que as pessoas não pensem, né ?

RP: É isso। É deixar que eles pensem por você. Antes tínhamos a critica musical. Hoje não temos mais. Hoje o jabá é tão grande, que eles empurram qualquer coisa vá à luta.

RN: Tem alguém que esteja fazendo parecido, que você considere importante ?

RP: Olha, se tiver eu parabenizo, mas eu não conheço। Queria poder ir, aplaudir, ajudar, mas lamentavelmente não conheço.

RN: Quais são os projetos futuros, Renatinho ?

RP: Temos o projeto do CD do Partideiros do Cacique, grupo que você conhece bem। Fui convidado pra fazer uma participação no Bip Bip. Tenho participação, ao lado de Serginho Procópio, Marquinho China e Thiago Mocotó, em um CD de partido, que está pra ser lançado na Europa, e esse é um trabalho muito legal, pois cada um defendendo a sua bandeira, a sua escola... Em fim, é uma produção do Toninho Galante, produtor do CD do Bip Bip, e que está pra vir aí, mas eu não sei como vai rolar.

RN: É isso então, Renatinho Partideiro। Muito obrigado!

RP: Por nada, Rodrigo.