sexta-feira, 25 de setembro de 2009

PIZZARIA BROTINHO

Após ter realizado a entrevista com Wilson da Neves (vejam aqui) - morador da Ilha, há mais de trinta e cinco anos -, eu não poderia deixar de continuar me deliciando com as maravilhas insulanas, mas ainda sob o efeito da conversa, não consegui pensar em absolutamente nada. Quando já dirigia o carro em direção à minha casa, me lembrei da Pizzaria Brotinho.

Minha Deise diz que a Brotinho está presente em praticamente todas as lembranças de parte da sua infância e de toda a adolescência, vividas na Freguesia, quando morou no edifício do número 155 da Jarí, esquina com a Arujá (aquela da feira de quinta, onde as frondosas árvores – até hoje - hospedam centenas de maritacas). Minha Deise sempre me pergunta, já respondendo - em um misto de orgulho e desdém -, querendo mesmo esnobar: “Você nunca comeu a pizza da Brotinho, né?! Eu já! Eu já!”.

Até então, ela tinha toda razão em caçoar de mim, pois todo insulano deveria mesmo conhecer o sabor daquela pizza, a delícia que é aquela pizza, e vocês vão saber.

Bom, cheguei puxando conversa com Israel, o atual proprietário (Israel comprou a pizzaria de Seu Sobral e Dona Dulce – dois ilustres moradores do bairro que precisam de uma postagem a parte, e a farei, aguardem -, não só por conjecturar oportunidades, negócio na Freguesia, mas para manter viva a história, resistindo ao arrastão promovido pelas repugnantes lanchonetes e padarias metidas a chiques que assolam nosso bairro, atendendo somente ao bolso do mega-investidor, que nada tem a ver com o desenvolvimento local), e soube que o casal de idosos havia passado a ele o estabelecimento, pois não tinham mais a disposição de outrora para tocarem pizzaria mais antiga da Ilha do Governador, mas, somente, - agora o melhor - sob a condição de manter a mesma receita, a mesma qualidade na qual eram feitas as pizzas da simpaticíssima lanchonete (aquilo que a Minha Deise sempre me disse, mas eu, incrédulo, ignorava). Ansioso – confesso – pedi a famigerada iguaria que dá nome à casa:

- então me dá a brotinho?!

Israel e Paulo Padilha (o pizzaiolo) perguntaram juntos:

- De quê?

Eu, ainda confuso, titubeando completei o pedido:

- Me dá a de presunto. Não, a de calabresa. Não me dá meio a meio e
uma coca-cola média, quanto custa?

Israel me disse que a pizza mais generosa da minha vida me custaria seis Reais, isso mesmo, R$ 6.00. Afirmo, com aquela certeza maior que o estádio da Portuguesa, que é a pizza mais farta que já paguei, pois ela tem - nada mais, nada menos - quatro, disse quatro, fatias de mussarela, umas sobre as outras. Mesmo não conhecendo a antiga receita de Seu Sobral, delirei ao perceber que estava diante daquela torre de queijo. Minha Deise tinha mesmo reais motivos para me provocar, o troço é uma delícia.

Pizza assim só se vê na Ilha do Governador.

P.S: Israel está reformando antigo letreiro (consegui uma foto desta relíquia no Orkut, onde existe o perfil do estabelecimento) para manter a tradição da Pizzaria Brotinho, que já completou bodas de prata. No ano passado, cinqüenta anos de passaram que Seu Sobral e Dona Dulce fundaram mais esta jóia da nossa Ilha. A Pizzaria Brotinho fica na Avenida Paranapuã, já chegando à Praça Calcutá, onde – ainda – se mantém um busto de Lima Barreto.


Inté.

8 comentários:

Tuninho disse...

Rodrigão,

Como fã de carteirinha que sou de uma boa pizza, vou correndo na Brotinho.

Desculpe, mas cho que você se enganou ao escrever "bodas de prata". Cinquenta anos são "bodas de ouro".

Abraço!

Tuninho disse...

Rodrigo,

Uma sugestão: Vá no armazém do Sr. Paulo, Rua Comendador Bastos com Magno Martins. Essa casa é centenária, tem uma escada de acesso em que foi colocado um corrimão para amparar a rapaziada e, olhado o asfalto, se vê centenas de tampinhas de cervas abertas, jogadas e devidamente atropeladas ali. Muito show de bola. E não deixe de pedir uma "meiota", que é cachaça (ou vodka), mel de abelha e limão.

Abraço!

Rodrigo Nonno disse...

Isso mesmo , meu amigo!

Quando for à Brotinho, me dá um toque. Pode ser que eu vá junto contigo e com a Minha Deise.

Falar em Minha Deise, ela me alertou sobre meu equívoco nas bodas, mas como eu não a escuto ...

Justamente por não lhe escutar, só provei a pizza da Brotinho agora.

Meu amigo, fico muito satisfeito mesmo com a sua participação. Considere este blog o seu balcão. Aqui, a casa é sua!

Como informei no texto sobre meu aniversário no Pontapé!, aguardo as fotos suas pelos bares da Ilha e da cidade. É só me mandar que eu postarei aqui, fazendo a devida referência ao amigo.

Inté.

Unknown disse...

AHH vai Rodrigo! isso é mta tortura!! afe!! to babando aqui!! mas as pizzas brotinho são brotinho mesmo???

Rodrigo Nonno disse...

Tuninho, meu caro .

Aguardo, ainda esta semana, sua chamada para irmos ao Armazém do Seu Paulo, na Freguesia.

Outro forte abraço.

Rodrigo Nonno disse...

Opa, Ana!

São uns brotinhos - digamos - encorpados.

Quando viere ao Rio, já sabe onde levarei a sua família para o lanche, né ?

A Ilha tem jóias, que quase nunca são valorisadas.

Inté.

Auridan disse...

Saudades da minha infância. Tempo em que frequentei este lugar. Conheci o saboroso pastel de carne que não encontrei semelhante em nenhum outro lugar. Feliz por relembrar isto. Nunca ficou esquecido.

Unknown disse...

Opa, já teve a postagem sobre o Sr. Sobral e D. Dulce? Nunca esquecerei o sabor da melhor pizza que já comi em minha vida...