quinta-feira, 8 de outubro de 2009

LUCILIA CAVALCANTI: TEMPO DE REMINISCÊNCIAS

Hoje tive o imenso prazer de responder o comentário da nossa dama e dona das quintas-feiras, aqui em O "butecólico", Lucilia Cavalcanti.

Tenho certeza que a cronista não ficará aborrecida com o ato que estou prestes a cometer, pois entende o quanto lhe admiro, e o quanto me orgulho de ostentar aqui seus textos. Tomado por uma enorme satisfação (isso longe de qualquer tentativa de autoafirmação ou algo do gênero) postarei aqui, na integra, seu comentário sobre minha exaltação a ela, seguido da minha resposta. Na verdade, não estarei tornando nada público ou mais explícito do que é, já que os comentários estão bem à mostra lá no final da primeira menção à Lucilia, onde O “butecólico” trouxe Os Vestidos Perdidos (vejam
aqui).

Antes de postar o texto de hoje, peço que leiam o comentário de Lucilia. Fiquei muito emocionado.


Lucilia disse, com a modéstia, com a simplicidade que só os grandes têm:


“Oi Rodrigo, fiquei encantada com o que você generosamente escreveu a meu respeito. Somente uma pessoa especial como você é capaz de ver tantas qualidades importantes, numa pessoa tão humilde como eu. Sou apenas uma velha criatura que gosta de escrever para não ser esquecida quando tiver de fazer a grande viagem sem volta.


Entrei no seu blog e gostei muito de tudo que vi. Você é mesmo um gênio.


Parabéns-beijos.

Lucilia"


Gabola (e não é pra menos), com lágrimas nos olhos, respondi:

"Opa, minha caríssima Lucilia!


Não precisa ser gênio, sequer inteligente, para notar seu valor, ou a importância de seus escritos.Necessita-se é de bom gosto e sensibilidade.


Por falar nisso, hoje é dia de Lucilia em O "butecólico".


Grande beijo, Lucilia."

Me ufano em pendurar aqui mais um feito desta amiga, este revivendo a doce infância de Lucilia, na sua Garanhuns, chamada por muitos de a Suíça Pernanbucana.


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TEMPO DE REMINISCÊNCIAS

(A CIDADE DA MINHA INFÂNCIA)


Voltei lá! Inutilmente busquei a cidade da minha infância, a que está dentro das minhas lembranças. Era uma cidade linda, casas coloridas, jardins floridos, parque de eucaliptos, onde as crianças brincavam livremente em torno do coreto, onde nas tardes de domingo havia retreta e os casais de namorados passeavam de mãos dadas. Havia o cercado das Emas, que a gente não se cansava de olhar, para vê-las andando com seus passos cadenciados e querendo bicar qualquer objeto de metal ao seu alcance.


Lá aprendi a andar de bicicleta, depois de muitos tombos e joelhos machucados. Visitei as ruas onde morei e não encontrei mais as casinhas modestas onde vivi, com seus quintais repletos de árvores frutíferas, à sombra das quais passava as tardes brincando e ouvindo o cântico dos pássaros.


Nas ruas não vi as crianças brincando de “amarelinha”, de “Pega-Pega” ou mesmo jogando bola. À noite não se brinca mais de “cantiga de roda” e nem de “passa-anel”. Ouve-se apenas o som da música dos temas das novelas, ou os gritos das torcidas de futebol.


Amanhece o dia e não escuto o pregão do homem vendendo “cuscuz de milho” para o café da manhã, nem a voz do leiteiro fazendo a entrega matinal. O padeiro também não passa vendendo pão quentinho.


Saio à rua e não vejo mais o “carro de boi”, que tanta saudade me traz. Perambulo sem rumo e não reencontro os jardins de minha infância, com seus palanques floridos, nem a estação ferroviária que durante muitos anos fez a alegria da criançada com o movimento de partida e chegada dos trens diários.


Queria ao menos encontrar uma boiada cortando as ruas, para ter a impressão que teria voltado no tempo. Mas nada! Nada do que estava nas minhas lembranças, a não ser a velha igreja Matriz de Santo Antônio, que fora construída pelo meu avô.


A cidade da minha infância, aquela bucólica cidade, continuará guardada em minha mente, será somente minha e estará presente em meus sonhos.

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Inté.

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